Hoje eu conheci uma pessoinha muito inteligente, de 13 anos, pelo grupo do Facebook
"blogueira ativas". Ela se chama
Lara e o blog dela é o
Pequeno Muffin e ela cogita a possibilidade de ser jornalista (embora eu tenha pensado que o blog dela era de uma publicitária quando abri). Então, especialmente para ela, vai este post.
Eu sempre gostei muito de pesquisar e de escrever. Não de escrever qualquer bobeira. As bobeiras eu deixava para os meus diários (tá bom, as vezes vazava pros meus blogs pessoais).
Em 2009 eu me matriculei no curso de Comunicação Social - Jornalismo na Unilago, aqui na minha cidade. Eu era uma das duas pessoas mais velhas da sala. Já fazia um tempo que eu tinha concluído o ensino médio e aquele ar de ensino médio da minha turma me irritava no começo, mas depois passei a gostar da galera.
O curso era anual e no primeiro, nenhuma das disciplinas mostrava a rotina de um jornalista. Eu trabalhava em uma casa lotérica (De segunda a sexta das 7:40hs as 19hs e aos sábados das 7:40hs as 17:40hs), não tinha tempo de estudar, simplesmente assistia as aulas. Muitas pessoas passam por isso, é super complicado. Um curso de graduação exige leitura de textos, livros e elaboração de trabalhos. Bom, eu fazia todo o possível, mas era muito difícil.
No final de 2009 eu comecei a me infiltrar no jornal Bom Dia. Eu precisava de um contato com a profissão para me motivar. Nessa época, ninguém da minha sala ainda tinha pisado lá. Conheci o Zanetti, na época, editor chefe do jornal. Ele foi muito paciente comigo e me deixou ficar por lá observando durante todo o tempo que eu quis. As vezes eu ia aos domingos (o único dia que eu não trabalhava nem tinha aula). O que eu fazia? Transcrevia entrevistas que estavam no gravador para o editor de texto, telefonava em necrotérios para saber o nome dos falecidos da semana para publicar, juntamente com o motivo do óbito e nome dos parentes, esse tipo de coisa. Uma vez eu fiquei até quase 2hs da manhã digitando uma entrevista de quase 3hs que fizeram com o prefeito da cidade. O gravador não era digital, foi cansativo!
Perto do Natal, neste mesmo ano, me deixaram fazer uma coluna, que não me lembro o nome no momento. Fui com o motorista do jornal e o fotografo entrevistar um empresário da minha cidade. A matéria saiu com minha assinatura, "Patrícia Fagundes - Colaboradora" em formato de ping-pong (pergunta e resposta). Fiquei imensamente feliz. Levei uma cópia do jornal pro meu pai, que ficou muito orgulhoso.
2010 começou! Eu queria me candidatar à estagiaria do jornal, mas estava fora de cogitação largar meu salário de caixa de lotérica para ganhar menos de um salario minimo (auxilio do estágio). No mais, eu não teria muitas chances, eles davam preferencia para alunos do terceiro ano do curso. Eu estava desmotivada, muito cansada e muitas coisas do curso passavam batidas para mim. Eu não conseguia me envolver como os outros alunos com as disciplinas e os trabalhos. Não tinha tempo, não tinha disposição. Era frustrante. No segundo semestre de 2010 eu sofri um acidente de moto e no final do semestre, sofri outro. Tudo isso colaborou para tudo desandar de vez. Eu pagava R$400,00 de mensalidade, não poderia sair da lotérica para trabalhar num local com horário menos puxado, e ganhar um salário minimo. Daí não teria o dinheiro para pagar o curso. Bom, foi aí que minha saga como estudante de jornalismo acabou.
Eu queria ter escrito um texto mais direcionado à questão da profissão de jornalista, mas as minhas crises e frustrações foram dominantes.
Lara (e outros leitores), primeiramente, gostaria de dizer que existem sim profissionais maravilhosos nesta área, mas existem também muitos que se corrompem. Esse tipo de coisa, eu fui notando conforme esses dois anos de curso passaram. Como em toda profissão? Sim, como em toda profissão, mas neste caso, quando você tem nas mãos o poder da mídia, é uma coisa bem séria. Já vi casos de editor (não o do Bom Dia) limar tanto o texto de um jornalista, que o sentido da matéria chega a mudar. E o nome de quem vai lá na assinatura? O do jornalista que escreveu o texto original, claro!
A redação de um jornal é um ambiente que não dá para a minha personalidade. Não tenho tanta eletricidade! Eu derrubaria café todos os dias em cima das mesas! Escrever sob pressão? Não pra mim! Escrever com 10 ou mais pessoas conversando assuntos paralelos ao redor? Sem possibilidade para mim! Não sou dinâmica assim! Até me considero uma pessoa com um bom grau de poder de concentração, mas não tanto!
Onde você vai trabalhar quando terminar o curso? Depende muito de onde você mora... Que jornais existem na sua cidade? Você está disposto a ir até onde as possibilidades estão? Isso é uma coisa a considerar antes de começar o curso. Você está disposto a enfrentar qualquer uma das funções que essa profissão possibilita? Porque, de inicio, não se pode escolher muito... se não, você não consegue se inserir no "mercado".
Eu tenho, por consequência deste meio curso que fiz, amigos jornalistas, que são ótimos profissionais, me orgulho deles! Porém, sinto vergonha alheia com muita frequência de jornalistas que vejo na TV e jornais.
Os motivos da minha vergonha, vai render outro post... até mais!